São Carlos

Os projetos implantados em São Carlos resultam da experiência de Renato Anelli, atual coordenador do CIAM Clima, como Secretário de Obras da Prefeitura Municipal de São Carlos na primeira gestão do prefeito Newton Lima (2000-2004). Esses casos antecederam a pesquisa e permitiram testar o projeto urbano baseado na natureza em um conjunto de quatro obras que incluem sistema viário, transposições, renaturalização de córregos e outros dispositivos de drenagem urbana. As obras só foram possíveis graças ao sucesso da ação judicial promovida pela Associação de Proteção Ambiental de São Carlos (APASC) em 1995 contra a prefeitura de São Carlos, por ocupar Áreas de Proteção Permanente (APPs) com obras viárias.

A prefeitura foi condenada em segunda instância em novembro de 2000, pouco antes da nova gestão municipal assumir o mandato. A nova gestão cumpriu a decisão judicial, suspendendo novas intervenções do tipo e produzindo as bases para um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) proposto pelo Ministério Público. O professor Renato Anelli coordenou a elaboração e implantação dos novos projetos, concebidos dentro do respeito às APPs, que constituem exemplos bem-sucedidos de arranjos políticos e técnicos para a implantação dos projetos urbanísticos que acolhem soluções baseadas na natureza na drenagem urbana, compatíveis com as demandas de mobilidade do município.

Destacam-se dois projetos de restauração ambiental, bastante pioneiros quando foram executados cerca de 20 anos atrás, tempo suficiente para trazer subsídios para a avaliação das técnicas de infraestrutura verde e dos efeitos positivos de se constituírem pequenos maciços florestais em área urbana.

Tijuco Preto 

O Parque do Tijuco Preto foi constituído em área previamente desapropriada para a construção da avenida, estando o córrego, em 2001, já tamponado nesse trecho próximo à nascente. O projeto Pró Tijuco foi inicialmente desenvolvido na USP, pelo Departamento de Engenharia Hidráulica, como um plano para toda a bacia hidrológica, sob coordenação do professor Mário Mendiondo. Em seguida, o plano de remoção da canalização de concreto e a restauração ambiental/paisagística do córrego e de sua mata ciliar foi desenvolvido pelos arquitetos Renata Bovo Peres e Eduardo Araújo  Silva e pelos engenheiros Renato Silva Leme e Paulo Silva Leme. A conclusão da obra ocorreu em 2005 e teve intenso apoio dos moradores da região.

 

Nascente do Córrego São Rafael 

Situada em uma área pública de sistema de lazer do Parque São Rafael, no limite entre o loteamento e a reserva ambiental de uma fazenda, a nascente do córrego São Rafael encontrava-se erodida e soterrada por entulhos em 2001. Sua recuperação foi feita em duas etapas. A primeira foi a construção de uma rede de drenagem para o bairro, com lançamento das águas na área da nascente, utilizando dispositivos para amortecer seu impacto no solo arenoso. A segunda foi a remoção da camada de entulhos que tampava parcialmente os olhos d’água, ampliando a vazão de água para o córrego. O terreno foi estabilizado com geotêxtil e hidrossemeadura, permitindo o crescimento de vegetação pioneira. Em seguida plantou-se vegetação compatível com a mata ciliar em toda a área que, após 20 anos, se apresenta como uma continuidade da reserva ambiental da fazenda. A primeira etapa foi projetada pelo engenheiro Paulo Vaz, e a segunda pelo engenheiro Paulo Silva Leme.