Corredores ambientais urbanos
Entre 2013 e 2014, a simultaneidade entre a revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) municipal de São Paulo com o projeto de ampliação da rede de corredores de ônibus permitiu a estratégia de integrar o adensamento de usos nas áreas servidas pelos meios de transportes de média capacidade, os Eixos Estruturadores da Transformação Urbana (EETU). O objetivo foi induzir a concentração de moradias e empregos em áreas de fácil acessibilidade pelo transporte público.
Contudo, grande parte dos corredores propostos estava localizada em fundos de vale e planícies fluviais, sujeitos a enchentes. A proposta de adensamento nas áreas de influência dos corredores afeta Áreas de Proteção Permanente (APP) de cursos d’água, áreas de risco de desmoronamento e enchentes, muitas delas ocupadas com habitação informal.
O estudo partiu da constatação de que é na escala local que os desafios da relação entre esses problemas podem ser identificados e enfrentados.
Para fazer essa análise em uma bacia hidrográfica no extremo da Zona Leste, a do córrego Lageado, foi realizado o workshop interdisciplinar Estudos Urbanos SP: Novas Linhas de Mobilidade. Na ação promovida pelo IAU USP São Carlos com a HafenCity University de Hamburgo e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e patrocinado pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação, reuniram-se professores, pós-graduandos, graduandos e funcionários da prefeitura de São Paulo ao longo de duas semanas.
O workshop analisou a capacidade dos instrumentos urbanísticos do PDE, em especial a Área de Estruturação Local, para integrar as várias ações que necessariamente devem acompanhar a implantação do corredor de ônibus. A proximidade física do corredor de ônibus com o córrego Lageado permitiu ensaiar um plano integrado de recuperação do curso d’água e sua APP, associado à renovação e adensamento urbano do EETU.
Surgiu assim um conceito de plano integrado que denominamos de corredores ambientais urbanos.
Se fosse adotada na gestão urbana de São Paulo, a proposta de corredores ambientais urbanos poderia ter evitado conflitos sociais e ambientais que presenciamos na implantação dos EETU desde então.
O workshop deu origem ao Lab Itaim Paulista, criado em 2015, que se constitui hoje como um dos casos desta pesquisa.